sábado, 14 de maio de 2011

Remédios reduzem transmissão do HIV entre parceiros, diz estudo

Proteção a parceiros não infectados foi testada em 11 antirretrovirais.
Pesquisa foi conduzida pelos Institutos de Saúde dos Estados Unidos.

Um grande estudo clínico conduzido pelos Institutos de Saúde (NIH, na sigla em inglês), o principal órgão do governo norte-americano no setor, mostrou que o uso de remédios antirretrovirais por portadores de HIV, o vírus responsável pela Aids, reduziu o risco de contaminação dos parceiros não infectados. O dado é válido para pessoas que receberam os medicamentos enquanto mantinham um sistema imunológico saudável.

A conclusão dos pesquisadores é que o uso precoce de antirretrovirais impede a transmissão entre parceiros para 96% dos casos.

Como foi feita pesquisa
Para participar do estudo, os portadores - 890 homens e 873 mulheres - deveriam ter de 350 a 550 células de defesa por milímetro cúbico. Esse número indica a saúde do sistema imunológico dos soropositivos. Já os parceiros, todos inicialmente não afetados pelo HIV, fizeram testes para verificar se estavam livres do vírus 14 dias após aceitarem participar da pesquisa.

Droga Dose
Atazanavir 300 mg (por dia)
Didanosina 400 mg (por dia)
Efavirenz 600 mg (por dia)
Emtricitabina + tenofovir 200 mg + 300 mg (por dia)
Lamivudina 300 mg (por dia)
Lopinavir + ritonavir 800 mg + 200 mg (por dia)
Nevirapina 200 mg (por dia e depois a
Ritonavir* 100 mg (por dia)
Estavudina depende do peso do soropositivo
Tenofovir 300 mg (por dia)
Zidovudina + lamivudina 150 mg + 300 mg (2 vezes ao dia)

* Usada apenas para intensificar o efeito do atazanavir
Os investigadores separaram os casais em dois grupos. No primeiro, os portadores do vírus começaram a tomar remédios 60 dias depois do início do estudo. Já no segundo, os soropositivos começaram a terapia tardiamente, somente depois da contagem de células de defesa ficar abaixo de 250 por milímetro cúbico no sangue ou quando uma doença os afetava, como no caso da pneumonia pneumocística - doença causada pelo micro-organismo Pneumocystis carinii.

Ao todo, foram usados 11 medicamentos (veja lista acima), em diversas combinações. Do total de casais, apenas 39 parceiros foram infectados. A transmissão entre os membros do casal ficou provada em 28 casos. Sete pessoas adquiriram o vírus de outra forma e 4 casos ainda aguardam análise.

No caso das 28 transmissões do portador para o parceiro inicialmente não infectado, 27 ocorreram no grupo que começou a receber antirretrovirais tardiamente. Houve apenas um caso de contaminação do parceiro por um soropositivo que recebeu remédios desde o início do estudo.

Durante todo o estudo, os participantes receberam orientações sobre como se proteger contra doenças venéreas, aconselhamentos e camisinhas grátis. Houve 23 mortes durante a pesquisa.

Vacina contra Aids apresenta resultado promissor em macacos

Por Julie Steenhuysen e Kate Kelland

CHICAGO/LONDRES (Reuters) - Uma vacina experimental ajudou macacos portadores de uma variação do vírus da Aids a controlarem a infecção durante mais de um ano, o que pode levar a uma vacina para humanos, disseram pesquisadores dos EUA na quarta-feira.

Eles afirmaram que a vacina prepara o sistema imunológico para atacar rapidamente o vírus HIV quando ele entra no organismo, momento em que o vírus é mais vulnerável.

Louis Picker, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas com Primatas do Oregon, cujo estudo foi publicado na revista Nature, disse que um teste da vacina em humanos possivelmente poderá ser feito dentro de três anos.

Testes da vacina com uma versão do vírus em macacos, o chamado vírus da imunodeficiência símia, mostrou que mais de metade dos animais foram capazes de impedir a replicação do vírus, de modo que nem mesmo os testes mais precisos puderam detectar traços da contaminação.

Mais de um ano depois da administração da vacina, a vasta maioria dos macacos manteve o controle sobre a doença.

'Sentimos que (a vacina) tem uma possibilidade de manter o vírus sob completo controle, ou de eliminar o vírus', disse Picker.

Ele e seus colegas usam um vírus relativamente inócuo, chamado citomegalovírus (CMV), como veículo da vacina experimental para o organismo. Fizeram isso porque os cientistas consideram que a maioria das pessoas já está infectada pelo CMV, que permanece no organismo durante a vida toda, mas em geral causa poucos ou nenhum sintoma.

Picker explicou que, sendo o vírus persistentemente presente, ele mantém o sistema imunológico em alerta, pronto para atacar o vírus assim que ele entra no organismo.

'O que é animador nessa descoberta é que pela primeira vez uma vacina candidata foi capaz de controlar totalmente o vírus em alguns animais', disse Wayne Koff, cientista-chefe da Iniciativa Internacional da Vacina da Aids, que ajudou a financiar o estudo.

Atualmente, não existe cura para a Aids, mas coquetéis de medicamentos são capazes de manter a doença controlada por muitos anos.

O vírus HIV, causador da Aids, está presente em cerca de 33,3 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a Unaids (agência da ONU para a Aids). Ele já matou mais de 25 milhões desde que surgiu, há cerca de 30 anos.

Laboratórios e cientistas do mundo todo vêm pesquisando diversas possibilidades de desenvolver uma vacina.

'A novidade aqui é usar uma vacina por administração viral que persiste - essencialmente usando um vírus manipulado para coibir um vírus patogênico', disse Robin Shattock, professor de imunidade e infecção das mucosas do Imperial College, de Londres, que não participou do estudo.

'Antes disso (...), os cientistas haviam praticamente desistido da ideia de uma vacina que possa controlar a replicação do HIV, (mas) isso a coloca firmemente de volta na pauta.'

Picker disse que o próximo passo é produzir uma versão atenuada do CMV, para assegurar que ele não cause efeitos colaterais.

Pesquisa mostra que pacientes com AIDS têm menos chances de transmitir o vírus

Teste para hepatite C é obrigatório em pacientes HIV

No Brasil, o Ministério da Saúde estima que existam 3 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C (VHC). Só na capital paulista são 140 mil. Já há sete vezes mais portadores do vírus C do que gente vivendo com HIV/Aids. E para alertar ainda mais: o VHC como também é chamado o vírus deste tipo de hepatite, só foi identificado em 1992. Antes disso, inúmeras pessoas podem ter adquirido o vírus (transfusão de sangue, injeção não descartável, navalhas, alicates de unha, tatuagem, piercing, escova de dente e cortadores de barba compartilhados). Comparativamente, a resistência do VHC é bem maior que a do HIV. O vírus da hepatite chega a sobreviver 72 horas fora do corpo e em quantidades reduzidíssimas de sangue, aumentando os riscos de alguém se infectar em consultório de dentistas e ambientes hospitalares.

A estimativa do Ministério da Saúde é que do total de infectados quase 80% não sabem da infecção, e entre os que descobriram, mais de 40% não imaginam como contraíram a enfermidade. A manifestação da hepatite C pode demorar de 20 a 30 anos e, quando isso ocorre, a maioria já está próximo da cirrose ou do câncer de fígado. A testagem indiscriminada está descartada já que os serviços de saúde não teriam condições de lidar com tamanho número de portadores do vírus. A idéia é incentivar para testes pessoas que acreditam ter sido expostas ao vírus.

Em São Paulo, a Secretaria da Saúde vem distribuindo folhetos com informações sobre as hepatites B e C, formas de contágio, cuidados a serem tomados e relaciona os serviços que podem fazer o diagnóstico na cidade. Com base em dados do Pro-Aim (programa da prefeitura que monitora as causas de morte), de 1996 a 2003, as mortes por hepatites virais ocupam o terceiro lugar na faixa de 15 a 65 anos, depois das doenças do coração e das mortes violentas.

A porcentagem de infectados passa de 1,42%, na população paulistana em geral, para 3,5%, entre aqueles acima de 60 anos. Os transplantes, muitas vezes a única esperança para pacientes, estão entre as prioridades. Equipes estão sendo treinadas em sete hospitais para agilizar e aumentar as doações de órgão. No Paraná, por exemplo, todas as unidades básicas de saúde fazem a triagem sorológica.

O exame para o vírus da hepatite C poderia ter sido adotado pelo governo em conjunto com o teste para HIV há dez anos, segundo ONGs que lutam pelo direito aos medicamentos na rede pública, muitas delas criadas nos últimos anos. "Não há campanhas governamentais suficientes", salienta Sidnei Moura Nehme, 58, que preside a ONG Transpática, de São Paulo. "Cerca de 80% das infecções, sobretudo entre os mais velhos, foram causadas por transfusões", diz Jeová Pessin, presidente do Grupo Esperança, de Santos/SP.

O Interferon, associado à Ribavirina, era a medicação oferecida pelo Estado. O surgimento do Interferon Peguilado, que elevou a R$ 5.000 o custo mensal do tratamento, limitava-se aos portadores da hepatite C do genótipo 1. Hoje, segundo as ONGs, a Justiça também garante essa medicação a portadores do genótipo 2 e 3. Os testes, necessários para o acompanhamento da medicação, também estariam em vias de serem normalizados.

O HIV e a co-infecção com o vírus da hepatite C

Pesquisas na Europa e nos Estados Unidos indicam que 75% dos usuários de drogas intravenosas positivos para o HIV eram também para o vírus da hepatite C. Entre os homossexuias positivos para HIV, 5% a 10% eram portadores do VHC. Um estudo realizado na região de Campinas (SP), mostrou que 100% dos usuários de drogas injetáveis com Aids são positivos para VHC.

As justificativas para tratar o VHC em soropositivos para HIV são várias:

Muitos apresentam níveis plasmáticos do VHC-RNA elevados, maiores taxas de progressão da fibrose e evolução mais acelerada para a cirrose hepática. Aumentam, assim, a morbidade e a mortalidade pelo VHC.
É também maior a transmissibilidade do VHC, inclusive pela gestante co-infectada. A imunodeficiência aumentaria a concentração de VHC no plasma, facilitando sua transmissão sexual. Normalmente, a transmissão sexual é baixa - responde por apenas 5% dos casos de hepatite C.
O VHC, por sua vez, aumentaria o risco de progressão para Aids e óbitos.
O VHC também dificultaria a reconstituição imunológica em pacientes que recebem TARV e aumentaria o risco de hepatotoxicidade por esses medicamentos. A hepatotoxicidade ocorre em 6% a 9% dos pacientes co-infectados que recebem TARV e em 9% a 18% daqueles que usam inibidores da protease.
É obrigatória, portanto, a pesquisa do anti-VHC em todos os HIV positivos. Confirmada a infecção, é imprescindível a biópsia hepática antes de se iniciar o tratamento, porque:

Fornece dados confiáveis sobre a extensão da doença, permitindo traçar um prognóstico mais preciso para o paciente;
Revela informações sobre o grau de esteatose e a presença de esteatohepatite;
Permite avaliar a ocorrência de hepatotoxicidade da terapia anti-retroviral potente (TARV);
Torna possível o diagnóstico de outras doenças incidentes no HIV positivo, como tuberculose, linfomas e doenças causadas por fungos.
Em conseqüência disso, nos Estados Unidos e na Europa tem aumentado o número de internações por insuficiência hepática grave em pacientes HIV-positivos, embora tenha diminuído o número de internações decorrentes de infecções oportunistas. A insuficiência hepática é a principal causa de morte, atingindo de 10% a 15% dos pacientes co-infectados.

Tratamento para indivíduos co-infectados

À exceção de gravidez, intercorrências cardíacas ou renais importantes, cirrose descompensada e malformação fetal, os demais indivíduos co-infectados podem ser tratados da hepatite C. O tratamento está indicado nas seguintes situações:

CD4 acima de 200 células/mm3 e infecção pelo HIV estável, em uso ou não da TARV.
CD4 acima de 500 células/mm3, independentemente da carga viral.
CD4 maior que 200 células/mm3, com carga viral baixa (geralmente inferior a 10.000 cópias/ml) e doença (HIV/Aids) estável por, pelo menos, seis meses.
O sucesso do tratamento está diretamente ligado à contagem de linfócitos CD4. Por isso, sempre que possível, deve-se priorizar o tratamento da infecção pelo HIV, deixando para iniciar o da hepatite C quando o paciente estiver clinicamente estável e com bom estado imunológico.

Outros cuidados fundamentais:

Como a terapia geralmente combina interferon-alfa-2a ou alfa-2b com ribavirina, para iniciá-la, a hemoglobina deve ser superior a 11 g/dl, os neutrófilos acima de 1.500/mm3 e as plaquetas maiores que 60.000/mm3;
Alertar toda mulher a evitar a gravidez durante o uso da medicação e até seis meses após a sua suspensão, devido aos efeitos colaterais da ribavirina. Quanto à duração do tratamento, em geral se recomenda tratar por 12 meses os pacientes infectados pelos genótipos 1, 4, 5 ou 6 e por seis meses os portadores dos genótipos 2 ou 3. Alguns grupos têm proposto tratar também por 12 meses quem tem os genótipos 2 ou 3, principalmente nos casos de fibrose avançada ou cirrose hepática.
A pessoa HIV-positiva com hepatite que negativar o VHC-RNA ou apresentar queda da carga viral do VHC acima de 2 logs na 12ª semana de tratamento terá maior probabilidade (56%) de permanecer negativo seis meses após o fim do tratamento. No entanto, mesmo utilizando interferon peguilado, a queda da carga viral do co-infectado é mais lenta do que nos monoinfectados pelo VHC. A resposta virológica sustentada nos co-infectados varia de 25% a 35%, bem inferior à constatada nos imunocompetentes. Para se obter bons resultados, é fundamental a estreita monitorização dos parâmetros hematológicos, bioquímicos e virológicos durante o tratamento.

O que é hepatite?

Hepatite é uma inflamação no fígado que pode comprometer o seu funcionamento. Existem vários tipos. As mais comuns são as causadas por vírus, mas existem as hepatites provocadas por agentes tóxicos (substâncias químicas e drogas), medicamentos e álcool.

Quais são as hepatites virais?

As hepatites virais são classificadas por letras do alfabeto, as mais conhecidas são: A, B, C e E. São doenças infecciosas que podem passar de uma pessoa para a outra.

Como se pega hepatite?

Hepatite A e E: beber água ou comer alimentos contaminados. Falta de saneamento básico (esgoto a céu aberto e água não tratada) é a principal causa de transmissão desses tipos de hepatite. Hepatite B e C: sangue infectado, relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas e seringas (drogas injetáveis) ou em acidentes com materiais infectados com sangue. Fazer tatuagem ou piercing com instrumentos não esterilizados também pode transmitir a hepatite B e C.

Quais são os sintomas das hepatites virais?

Os sintomas das hepatites virais são iguais: enjôo, febre, mal-estar, como uma gripe. Os olhos podem ficar amarelos (amarelão ou icterícia), urina escura e as fezes brancas. Muitas pessoas podem ter hepatite e não apresentar nenhum sintoma, ou ter apenas um mal-estar leve e passageiro.

Como se evita a hepatite A?

O saneamento básico (água encanada, tratada e esgoto) é a melhor maneira de evitar a hepatite A. Lavar as mãos com água e sabão antes das refeições e após ir ao banheiro. Lavar bem frutas e legumes, principalmente quando forem ingeridos crus. Beber água filtrada ou fervida.

Como se evita a hepatite B e C?

Não compartilhar agulhas e seringas no uso de drogas injetáveis. Não compartilhar o "canudinho" no uso de drogas inaláveis (cocaína cheirada). Exigir material esterilizado ou descartável em serviços de saúde (hospitais, postos de saúde, consultórios médicos e odontológicos), salões de beleza, lojas de tatuagem e para a colocação de brincos e piercing. Sempre usar camisinha nas relações sexuais.

Fontes: Ministério da Saúde / Sociedade Brasileira de Infectologia (Boletim Tratamento Hoje) / jornal Folha de S. Paulo