quinta-feira, 30 de junho de 2011

Homossexuais têm 20 vezes mais chance de contrair HIV, diz OMS

Os homossexuais apresentam 20 vezes mais chance de contrair HIV e por isso a OMS (Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou pela primeira vez uma lista de diretrizes para o tratamento e a prevenção deste vírus entre gays e transexuais.
Em países como a Bolívia, Jamaica, México, Mianmar, Tailândia, Trinidad e Tobago e Zâmbia, a porcentagem de homossexuais contagiados por HIV ultrapassa os 20%, e em alguns casos chega a 40%, segundo afirma o relatório da OMS, apresentado nesta terça-feira em Genebra.
No caso dos transexuais, as taxas de contágio variam entre 8% e 68%, dependendo do país, embora em muitos casos os dados não sejam confiáveis pelo fato da comunidade homossexual não ser legalmente reconhecida.
A OMS lembra que em muitos países estas pessoas são estigmatizadas, o que pode fazer com que não recorram aos serviços de atendimento médico, nem recebam tratamento por medo de serem humilhadas caso seja rompido o pacto de sigilo médico-paciente.
Atualmente, mais de 75 países criminalizam os homossexuais e transexuais, privando-os de direitos fundamentais, como o atendimento médico.
Segundo os dados por regiões, a prevalência de infecções de HIV entre homossexuais na África Subsaariana oscila entre 6% e 31%, enquanto na Ásia os homossexuais apresentam 18 vezes mais probabilidades de contrair o HIV do que a população heterossexual.
Na América Latina, cerca da metade das contaminações por HIV acontece entre gays.
As recomendações do relatório são dirigidas a políticos, profissionais de saúde e aos homossexuais e transexuais, com o objetivo de fomentar a prevenção por meio da camisinha.
"Não podemos reduzir a propagação da infecção por HIV no mundo se não forem atendidas as necessidades particulares destes grupos da população", declarou o diretor do departamento de HIV/Aids da OMS, Gottfried Hirnschall.
As novas diretrizes da OMS foram preparadas ao longo do ano passado mediante consultas mundiais das quais participaram funcionários da saúde pública, cientistas e representantes de organizações da sociedade civil.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/933005-homossexuais-tem-20-vezes-mais-chance-de-contrair-hiv-diz-oms.shtml

sábado, 18 de junho de 2011

Genes podem explicar rápido avanço da aids em algumas pessoas

Uma pesquisa espanhola divulgada esta semana no Journal of Clinical Investigation afirma ter encontrado uma explicação genética para os casos em que a aids surge quase imediatamente depois da infecção pelo vírus.
O estudo pode, no futuro, resultar em estratégias individualizadas para a administração de antirretrovirais. Leia a seguir a notícia na íntegra a seguir.

Genes "apressam" o vírus da aids

Ao ser infectado pelo vírus HIV, o paciente se vê diante de um panorama de indefinição sobre o futuro de sua saúde.
Características próprias do agente infecioso fazem com que alguns pacientes desenvolvam a doença rapidamente, enquanto outros passam décadas sem nenhum sintoma da aids.
Uma pesquisa espanhola, divulgada na edição de ontem do Journal of Clinical Investigation, afirma ter encontrado uma explicação genética para os casos onde a aids surge quase imediatamente depois da infecção pelo vírus.
Segundo o estudo, seis genes, presentes em cerca de 8% da população mundial, são os responsáveis pela baixa resposta imunológica ao vírus, facilitando sua rápida instalação.
A pesquisa pode, no futuro, resultar em estratégias individualizadas para a administração da medicação aos soropositivos.
A descoberta, feita por cientistas do Instituto de Pesquisas de aids IrsiCaixa e do Departamento de Saúde da Catalunha, ambos da Espanha, foi possível depois do mapeamento de 25 mil genes de 66 pacientes, a maioria portadora do tipo B do vírus - o mais comum na Europa e na América.
"A localização desses genes nos pacientes estudados é semelhante à localização de genes semelhantes previamente conhecidos em macacos.
Esse dado nos dá fortes indícios de que se trata de uma característica presente em todas as pessoas e não apenas nas populações estudadas", disse ao Correio Javier Martínez-Picado, principal autor do estudo.
A identificação fecha um ciclo iniciado em 2004, quando pesquisadores norte-americanos encontraram genes que têm a função inversa: permitem uma resposta eficaz ao vírus, retardando o aparecimento dos primeiros sintomas.
"No futuro, será possível fazer exames para detectar o tipo de resposta imune que cada paciente dará à doença.
Saber se ele é do tipo que vai desenvolver a aids precocemente ou tardiamente permitirá desenvolver estratégicas mais eficazes de medicação", conta o pesquisador espanhol.

Futuro

Segundo o cientista Enrique Argañaraz, do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade de Brasília (UnB), a pesquisa também abre uma nova perspectiva para o desenvolvimento de uma futura vacina.
"Durante o processo de resposta ao vírus, a célula picota o HIV e apresenta uma parte dele ao sistema de defesa do organismo, que baseia nele a sua reação imunológica", explica o professor.
Se o fragmento apresentado é de uma parte importante do vírus, a resposta poderá ser mais eficaz no combate à aids e, portanto, o desenvolvimento da doença será dificultado.
"Entender quais mecanismos genéticos estão envolvidos nesse processo de seleção do fragmento poderá, no futuro, ajudar a criar terapias que ensinem a célula a escolher partes mais eficazes para atacar", completa.
Outro pondo ainda obscuro da infecção por HIV é a resposta que cada paciente dá ao tratamento. Ao contrário de outras doenças, a quantidade de vírus presente no organismo não está diretamente ligada à intensidade da doença.
"É possível ter um índice de infestação altíssimo e não desenvolver um caso grave da aids, e vice-versa", conta Argañaraz. Esse deve ser o novo passo dos pesquisadores espanhóis.
"Ampliamos nossa amostra de 66 para 120 pacientes e pretendemos verificar se há uma causa genética tanto para a resposta diferente que cada pessoa tem ao tratamento quanto para a forma que o organismo desses pacientes reage ao vírus", completa Javier Martínez-Picado.

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/genes-podem-explicar-rapido-avanco-da-aids-em-algumas-pessoa_114787/

Alteração cerebral explica prática do bareback

Durante o 7º Congresso Brasileiro do Cérebro, Comportamento e Emoções, pesquisadores relacionaram o comportamento de risco ao HV a uma alteração cerebral dos sistemas de risco e prazer. Confira a notícia na íntegra a seguir..

Neurociência explica comportamento de risco sexual extremo
Por que alguém participa de uma orgia sexual sem camisinha que inclui sabidamente participantes contaminados com o HIV? É o que estudos de neurociência vem tentando explicar.

As convenções de "barebacking", também conhecidas como "roletas-russas sexuais", reúnem dois grupos de participantes (a maioria homens): os infectados com o vírus HIV e os não infectados. 

O primeiro grupo é conhecido como "gift givers". Os que "dão presentes", em tradução literal. Eles estão dispostos a infectar outras pessoas com o HIV. Ou seja, entregar o "presente".

A segunda categoria é conhecida como "chasers": os caçadores do vírus HIV.

As convenções, marcadas por meio de fóruns na internet, exigem que todos fiquem nus e façam sexo em público. "Para quem faz parte dessas reuniões, é só o prazer que importa. Todos nós temos um mecanismo que nos faz avaliar se um comportamento vale a pena ou não. Para essas pessoas, sempre vale", diz Alexandre Saadeh, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

Em palestra no "7º Congresso Brasileiro do Cérebro, Comportamento e Emoções", que acaba hoje, em Gramado (RS), o psiquiatra apresentou uma abordagem científica para explicar a prática.

Prazer e perigo

Para o especialista, trata-se de uma alteração no sistema de recompensa do cérebro -o responsável por nos fazer sentir prazer.

"No cérebro, a região responsável pela sensação de perigo é muito próxima à do prazer. Então, existe uma interferência", explica Saadeh.

"O mecanismo que leva à roleta-russa sexual é a excitação do perigo. É a mesma que faz alguém querer fazer sexo na rua ou no avião. A diferença é que, no primeiro caso, existe uma exacerbação extrema", diz o psiquiatra.

Para Saadeh, com os avanços da medicina, os participantes já não encaram a aids como uma doença mortal.

Eles sabem que, se contaminados, poderão viver por muitos anos se usarem o coquetel contra o vírus. Por isso, passam a encarar a infecção de uma maneira positiva.

"Ser contaminado com o HIV representa o fim do medo. Como eles já estão infectados com o maior dos temores, acreditam que podem transar sem camisinha livremente", diz Saadeh, que também coordena o Amtigos (Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual)

Só homens

Para o pesquisador, o fato de a prática ser mais masculina evidencia diferenças cerebrais em relação ao comportamento sexual. "A composição cerebral do homem aumenta sua tendência a essas compulsões pelo prazer."

O tema é tabu nos consultórios. "Os pacientes relutam em falar. Só é possível abordar o tema depois de estabelecer uma forte relação de confiança", disse Saadeh.

Fonte: Folha de S.Paulo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Avanços podem permitir vacina de HIV e malária em dez anos, diz revista

Progressos clínicos e tecnológicos na área da imunologia indicam que será possível desenvolver vacinas contra Aids e malária nos próximos dez anos, diz artigo publicado na revista "Nature" desta semana. Segundo o pesquisador italiano Rino Rappuolli e o americano Alan Aderem, que assinam o texto, o combate à Aids e à malária ainda é o maior desafio mundial em saúde pública do século 21.
Junto com a tuberculose, essas duas doenças infecciosas matam quase cinco milhões de pessoas por ano no mundo. Apesar de ainda não haver vacinas disponíveis, os cientistas apostam no avanço da computação e na chamada biologia sistêmica, que estuda a interação entre elementos biológicos (como proteínas, genes, RNA e outras moléculas), para chegar cada vez mais perto de uma resposta imune contra esses males.
A aceitação de um indivíduo a uma vacina depende de inúmeras interações de fatores genéticos, moleculares e ambientais. Por isso, segundo o infectologista e imunologista Esper Kallas, da Faculdade de Medicina da USP, a abordagem do futuro para a produção de novas doses deve contemplar "tudo ao mesmo tempo". “Esses sistemas geram quantidades fenomenais de dados em computador, por meio de modelos matemáticos, para encontrar relações e padrões que levem a alguma descoberta”, disse. É o que os norte-americanos chamam de “mineração de dados”, que pode servir para encontrar regras no meio do caos.
Como a quantidade de características imunológicas no conjunto de dados mundial excede a capacidade da mente humana, o objetivo é chegar a modelos precisos e detalhados o suficiente para prever se as novas vacinas terão sucesso. Para o imunologista David Watkins, da Universidade de Wisconsin, nos EUA, que está em São Paulo para conhecer o Instituto Butantan, os resultados de vacinas contra HIV em macacos são encorajadores. “Em um estudo publicado há duas semanas na 'Nature', 50% dos animais foram protegidos do vírus, e agora temos que entender por quê”, afirmou.
No início dos anos 1980, quando o HIV foi descoberto, os cientistas acreditavam que poderiam combater a Aids da mesma forma que a hepatite B: usando fragmentos do vírus em leveduras e depois separando-os do fungo. Esse material “puro”, uma vez inserido no corpo humano, faz uma simulação de infecção natural que leva à imunidade. O problema é que o HIV tem altíssima capacidade de mutação, e em menos de um dia já não é mais o mesmo. Já o micro-organismo causador da malária se modifica, em média, a cada dez anos, e o grande problema nesse caso é que o protozoário Plasmodium dribla os anticorpos.
“Ainda não há um meio de reproduzir um vírus do HIV que seja representante dos demais. E o que dificulta tanto uma vacina contra essas doenças é que os vírus (ou bactéria, no caso da tuberculose) só se multiplicam dentro das células, então ficam protegidos”, explicou Kallas. Os anticorpos, por sua vez, costumam agir do lado de fora, não atingindo os agentes patogênicos.
Os pesquisadores concluem no artigo que ainda há complexos mecanismos imunológicos não completamente compreendidos pela ciência. Mas um modelo inovador de exames clínicos, que testam várias vacinas em paralelo e obtêm informações pela biologia sistêmica, deve acelerar o desenvolvimento de vacinas e aumentar a compreensão do sistema imunológico humano em um futuro próximo.
Aids, malária e tuberculose no mundo
Desde o início da pandemia, a Aids causou mais de 25 milhões de mortes, e hoje há 33 milhões de pessoas vivendo com o HIV. Por ano, são 2,6 milhões de novos casos e 1,8 milhão de mortes. Já a malária acomete 225 milhões de pessoas por ano e causa quase 1 milhão de mortes. Além disso, cerca de um terço da população humana está infectada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), com 9,6 milhões de novos casos e 1,7 milhão de mortes por ano. E essa bactéria tem se tornado cada vez mais resistente a antibióticos.
Como um de seus Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem estimulado os países a controlar e reverter a propagação dessas doenças até 2015. Para atingir a meta, a ONU conta, principalmente, com a expansão de tratamentos, educação e medidas básicas, o que inclui uso depreservativos contra a aids e de mosquiteiros em camas contra a malária.
A vacinação, que geralmente é a intervenção mais eficaz no controle de doenças infecciosas, não foi incluída no plano da ONU, porque as doses não devem estar disponíveis dentro desse prazo.
Especificamente no caso da tuberculose, a vacina BCG – aplicada em recém-nascidos no Brasil e não usada nos EUA, por exemplo – ainda causa controvérsias. Isso porque ela é capaz de prevenir a disseminação da doença e a mortalidade em bebês e crianças, mas não evita a infecção crônica nem protege adultos, idosos e pessoas com deficiência imunológica. “Há algumas ONGs internacionais que trabalham na produção de uma vacina melhor contra a tuberculose”, disse Kallas.
De acordo com ele, os pesquisadores atualmente conhecem a fundo o sistema imune e a interação entre hospedeiros e parasitas, mas o campo da vacinologia ainda tem muito a avançar. “Precisamos de novas ideias, abordagens e fronteiras. Investimentos em vacinas devem ser feitos a longo prazo, a perder de vista, e podem mudar a vida da humanidade. É o que faz a Fundação Bill e Melinda Gates, que se concentra em combater a Aids, a malária e a tuberculose pelo mundo”, destacou o médico.
Dengue
A vacina contra a dengue, segundo o médico, deve ser uma realidade em breve. E a dose será a forma mais eficaz de combater a doença, já que o mosquito Aedes aegypti se urbanizou e ficou praticamente impossível erradicar o problema nas grandes cidades.
O Instituto Butantan atualmente faz uma parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA e a Universidade Johns Hopkins para o desenvolvimento dessa vacina. Testes preliminares em humanos já estão sendo feitos. E a ideia, segundo Kallas, é que a dose contemple os quatro tipos de vírus da dengue e seja aplicada preferencialmente em crianças, que costumam ser o grupo mais suscetível.

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/05/avancos-podem-permitir-vacina-de-hiv-e-malaria-em-dez-anos-diz-revista.html