quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Mudanças no corpo são um desafio no tratamento dos pacientes com HIV



No Brasil, um terço dos soropositivos abandonam a medicação. O impacto dos antirretrovirais na aparência - com a alteração na distribuição da gordura corporal, síndrome conhecida como lipodistrofia - é um dos motivos. SUS oferece cirurgia plásticas, mas em Minas pacientes ainda não podem se beneficiar


Neste mês o Brasil recebeu a notícia de que um terço dos brasileiros com HIV rejeita o tratamento: 190 mil pessoas não lutam contra a enfermidade no país. Entre os motivos, um que se destaca são os efeitos colaterais dos antirretrovirais. Apesar de as drogas serem cada vez menos tóxicas, ainda não existe, por exemplo, um medicamento que seja absolutamente livre de provocar um dos efeitos mais temidos pelos pacientes com HIV: a alteração da distribuição da gordura corporal também chamada de lipodistrofia. Como impacta a autoestima, muita gente se sente impelido a abandonar o tratamento, o que dificulta interromper a cadeia de transmissão no país.

Braços, pernas, bumbum e rosto perdem gordura a ponto de, no caso das nádegas, o paciente sentir dor para se sentar. As veias ficam aparentes e o abdômen passa a acumular gordura. Homens e mulheres ganham grandes papadas e, em palavras simples, uma corcunda logo abaixo do pescoço denominada gibosidade dorsal. No caso deles, outra mudança corporal é a ginecomastia ou crescimento das mamas. Veja:

 (Arte Soraia Piva / Imagens: Ministério da Saúde)


O incômodo com a mudança na aparência é tão grande que desde 2004 o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a cirurgia plástica reparadora para os pacientes com HIV que sofrem com a lipodistrofia. O problema tem influência direta na qualidade de vida com consequências físicas, psicológicas e sociais. Por isso, a adesão ao tratamento tende a diminuir e o resultado é o pior possível: o desenvolvimento de resistência aos antirretrovirais e o aumento da morbimortalidade, ou seja, incidência da doença e taxa de mortalidade na população.

Infelizmente, em Minas Gerais o procedimento ainda não é uma realidade na rede pública. Segundo a secretaria municipal de saúde, a Rede SUS-BH ainda não realiza a cirurgia para corrigir a lipodistrofia, mas segundo o órgão, o Hospital Eduardo de Menezes, da rede FHEMIG, encontra-se em processo de credenciamento junto ao Ministério da Saúde. A secretaria estadual confirma o credenciamento da instituição citada e afirma que o Hospital das Clínicas da UFMG e o Hospital Universitário de Juiz de Fora também aguardam essa aprovação.

'Você vai sentir tudo isso e muito mais'
Em 1995, Silvana* foi surpreendida pela infecção por HIV. “Meu marido sabia que tinha o vírus, mas não me contou. Quando foi internado já com a doença, o médico me informou do diagnóstico e pediu para que eu fizesse o exame. Ele já estava em estado terminal”, recorda-se. Na época, ela era mãe de um menino de 6 anos e, mais do que receber uma sentença de morte, viu a vida do pai de seu filho ser interrompida. A mulher de 42 anos relata que o companheiro era usuário de drogas e acredita que possa ter compartilhado alguma seringa com alguém contaminado. “Quando descobri não existia sequer medicamento. Não tinha contagem de carga viral, a gente fazia exame de sangue de tempos em tempos, os médicos mandavam os pacientes para casa e ficávamos esperando a morte chegar. O AZT (um dos primeiros medicamentos contra o HIV) só surgiu em 96”, diz. Desde então Silvana está medicada.

Entre 2009 e 2010 começou a sentir a diferença na distribuição da gordura corporal. “Eu sempre fiz academia, gosto de correr, mas comecei a apresentar perda muscular nas pernas, quadril e braços. O médico que me acompanha pediu exames de carga viral para saber se tinha alguma alteração, mas estava zerada”, conta. Um ano depois de constatada a lipodistrofia Silvana conseguiu a cirurgia pelo SUS, no Hospital Heliópolis, em São Paulo, e colocou implante de silicone nos glúteos, fez redução de mamas e preenchimento no rosto. “Atualmente, corro atrás da minha forma física, faço musculação todos os dias e acompanhamento com nutricionista e endocrinologista. Tem que ter força de vontade”, acredita.

Ano passado, mais de 39 mil casos foram diagnosticados no Brasil  (Karlos Geromy/OIMP/D.A Press)
Ano passado, mais de 39 mil casos foram diagnosticados no Brasil
Ela conta que a mudança da aparência é um grande revés no tratamento.. “No começo foi difícil, levantar e me olhar no espelho, ver meu rosto se modificar e ter que assim mesmo encarar, lutar e trabalhar. É uma barra olhar a própria imagem e não se reconhecer. Foi complicado, ainda estou na fase de adaptação, mas devagar a autoestima melhora”, espera.

Silvana admite que o tratamento tem, sim, a parte ruim, “principalmente da estética”. Mesmo assim, segundo ela, “a qualidade de vida é mil vezes melhor”. “O que as pessoas precisam pensar é que é possível trocar o medicamento quando o paciente não se adapta. Hoje em dia as coisas estão muito melhores para quem têm HIV, só não conseguimos ainda superar o preconceito, principalmente no mercado de trabalho”, pondera. Atualmente, Silvana trabalha com a irmã que é dona de um bufê de festas.

“Tenho um amigo que abandonou o tratamento neste ano por causa da lipodistrofia, adoeceu e faleceu”, narra. Por essa razão, o recado de Silvana é simples: “Por mais difícil que seja, por mais que seja complicado levantar de manhã, o tratamento vai fazer bem. No começo, principalmente, não é fácil, é muito efeito colateral. A gente precisa trabalhar com diarreia, vômito e dor abdominal, mas depois que acerta o antirretroviral fica mais fácil. O pensamento ‘já que vou morrer, pelo menos não quero sentir nada’ é errado. Na verdade, você vai sentir tudo isso e muito mais. É um engano”, reforça.


Entenda a lipodistrofia
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Daniela Pinho é especialista em cirurgia plástica reparadora para pacientes com lipodistrofia. Segundo ela, a alteração na distribuição da gordura corporal atinge 42% dos pacientes com HIV e está muito associada aos antirretrovirais. No entanto, apesar de não existirem estudos que comprovem, o componente genético pode favorecer a manifestação dessa síndrome.

Em razão dessa forte associação, o primeiro passo para tentar barrar a lipodistrofia é trocar a medicação. Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano lembra que a mudança só é inviável em casos de pacientes que têm vírus muito resistentes, porque sobrariam poucas opções.

Se depois de realizada a troca, a estratégia não for bem-sucedida, o paciente pode se candidatar à cirurgia reparadora. No entanto, é imprescindível que a pessoa esteja fazendo uso da medicação, seja acompanhada por um infectologista e esteja com a doença controlada. Ou seja, aqueles que estão com Aids (a manifestação aguda dos sintomas do HIV), estão excluídos em função do risco cirúrgico. Lembrando que ser HIV positivo é diferente de ter a doença. Outras restrições à cirurgia reparadora são o uso de anticoagulantes, gravidez e infecção por hepatite C.

As drogas contra o HIV estão cada vez menos tóxicas e dão qualidade de vida aos paciente. O jogador de basquete Magic Johnson anunciou que era soropositivo em 1991 (PHIL KLEIN )
As drogas contra o HIV estão cada vez menos tóxicas e dão qualidade de vida aos paciente. O jogador de basquete Magic Johnson anunciou que era soropositivo em 1991
Daniela Pinho afirma que muitos pacientes deixam de usar a medicação em função das mudanças no corpo. “São alterações na aparência que estigmatizam os pacientes com HIV, muitos ficam revoltados e preferem a doença, o que aumenta a resistência do vírus, a proliferação e o risco de contaminação”, diz.

Além da questão da autoestima, a especialista lembra que a cirurgia reparadora é um procedimento importante porque aumenta a adesão dos pacientes ao tratamento. Segundo ela, a reconstrução do glúteo com a colocação de próteses de silicone é a cirurgia plástica reparadora mais procurada pelos pacientes soropositivos.

Outros procedimentos realizados com o objetivo de minimizar os efeitos da lipodistrofia são: lipoaspiração, correção de ginecomastia, mamoplastia redutora feminina por lipodistrofia e o preenchimento cutâneo da face com polimetilmetacrilato (PMMA).

Daniela Pinho, que trabalhou muitos anos no Hospital Heliópolis, em São Paulo, instituição que é referência em cirurgia plástica para lipodistrofia, diz que a espera pode ser longa e um mesmo paciente pode precisar de mais de um tipo de cirurgia.

É importante saber também que, mesmo após os procedimentos cirúrgicos, o paciente vai continuar sofrendo a influência da medicação no corpo. Por isso, além da cirurgia, o tratamento da lipodistrofia associada ao HIV envolve mudanças no estilo de vida, com exercício físico e orientação nutricional, redução na exposição às drogas com modificação da terapia antirretroviral e tratamento farmacológico das alterações metabólicas associadas.

 (Soraia Piva/EM/D.A Press)



O tratamento cirúrgico das alterações corporais da lipodistrofia para pacientes com HIV foi incluído no SUS em 2004, pela Portaria Ministerial nº 2.582. Atualmente, está em vigor a Portaria Conjunta SAS/SVS nº 01, de 20 de janeiro de 2009, que trata das indicações cirúrgicas, normas para o credenciamento dos hospitais e ambulatórios, estrutura física e recursos humanos para o tratamento reparador das alterações corporais relacionadas à lipodistrofia.

A portaria vigente contempla os seguintes procedimentos reparadores:

  • Preenchimento facial com polimetilmetacrilato (PMMA);
  • Lipoaspiração de gibosidade cervical, submandibular, abdominal ou dorsal;
  • Redução de mamas ou ginecomastia;
  • Implante de prótese glútea com lipoenxertia e/ou polimetilmetacrilato.
http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/12/11/noticia_saudeplena,151619/mudancas-no-corpo-sao-um-desafio-no-tratamento-dos-pacientes-com-hiv.shtml

Dois pacientes portadores do vírus HIV estão curados graças a nova técnica


O vírus torna-se incapaz de se multiplicar, mas permanece presente no DNA dos pacientes


A aparente cura de dois homens portadores de HIV graças a um fenômeno natural abre perspectivas interessantes nas buscas pela cura da Aids, revelou nesta terça-feira (4/11) um estudo científico. Este fenômeno natural permite ao organismo infectado integrar o vírus no DNA, neutralizando-o.

Os dois pacientes em questão estavam infectados com o HIV sem nunca terem estado doentes, nem terem uma quantidade detectável de vírus no sangue, segundo os autores do estudo, cujos resultados estão detalhados na revista especializada Clinical Microbiology and Infection. Nenhum deles foi submetido a tratamentos.

"Esta observação é muito interessante e pode representar um caminho para a cura" da Aids, explicou Didier Raoult, professor da Faculdade de Medicina de Marselha (França), co-autor do estudo com outra equipe francesa liderada pelo professor Yves Levy.

A análise realizada graças a tecnologias modernas permitiu reconstituir o vírus encontrado no genoma dos pacientes. Os pesquisadores conseguiram provar que o vírus foi inativado por um sistema de interrupção da informação fornecida pelos genes do vírus. O sistema, denominado "codon-stop" marca o fim da tradução de um gene em proteína. O vírus torna-se incapaz de se multiplicar, mas permanece presente no DNA dos pacientes.

Estas interrupções se devem a uma enzima conhecida, o Apobec, que faz parte do arsenal disponível nos seres humanos para combater o vírus, mas que normalmente é desativada por uma proteína do vírus.

Rever a definição de cura
O trabalho abre perspectivas de cura através da utilização ou da estimulação desta enzima, e também possibilidades de detecção nos pacientes recém-infectados, que têm uma chance de cura espontânea, segundo os autores do estudo. Para Raoult, isto poderia conduzir a uma revisão da definição de cura, que atualmente se baseia unicamente na ideia de desaparecimento do vírus no organismo.

A infecção pelo HIV de um dos pacientes ocorreu há mais de 30 anos. Aos 57 anos, ele foi diagnosticado com Aids em 1985 e aparentemente é imune ao vírus. A soropositividade do segundo paciente, de um chileno de 23 anos, foi identificada em 2011, mesmo que provavelmente tenha sido infectado três anos antes.

Nenhum deles apresentava outros fatores de resistência ao HIV conhecidos (mutações na proteína CCR5, que permite ao HIV infectar as células). O estudo baseia-se na suposição de que o vírus da Aids - um retrovírus que se integra ao DNA humano - teria o mesmo destino que os centenas de retrovírus já integrados no DNA de mamíferos, incluindo os seres humanos.

A hipótese também vem da observação de coalas, em que um vírus de macaco, causador de câncer e leucemia, já não os faz adoecer após a integração e neutralização do vírus em seu genoma, diz Raoult. "Nos coalas que se tornaram resistentes a este vírus do macaco através do mesmo fenômeno de integração ou de endogenização, a resistência é transmissível aos filhos", ressalta Raoult.

Para os pesquisadores, trata-se de um mecanismo provavelmente comum em epidemias anteriores. Portanto, é lógico pensar que ocorre a um certo número de pessoas infectadas com o vírus da Aids. O estudo, segundo o professor francês Yves Levy, "é uma observação interessante e uma primeira demonstração, com o vírus HIV, de algo que a natureza foi capaz de fazer com outros vírus ao longo da evolução".

HIV está se tornando menos mortal e infeccioso, diz estudo

 Pesquisa coordenada pela Universidade de Oxford demonstra que vírus está perdendo força e tardando mais a causar Aids.

O vírus HIV está se tornando menos mortal e menos infeccioso, de acordo com uma pesquisa coordenada pela Universidade de Oxford.
Os pesquisadores mostraram que o vírus está perdendo força ao se adaptar ao nosso sistema imunológico e demorando mais para causar a Aids (a síndrome da imunodeficiência adquirida, que ocorre à medida que as barreiras imunológicas do corpo começam a ser corroídas).
Alguns virologistas sugerem que a evolução do vírus pode torná-lo, algum dia, "quase inofensivo". Para os pesquisadores de Oxford, as mudanças no vírus podem ajudar nos esforços para conter a pandemia.
 Hoje, o HIV infecta mais de 37 milhões de pessoas no mundo - em seus corpos, ocorre uma batalha entre o sistema imunológico e o vírus. Tal qual um mestre do disfarce, o vírus sabe rapidamente e com pouco esforço passar por mutações para se adaptar ao sistema imunológico.
No entanto, às vezes o HIV infecta uma pessoa com um sistema imunológico particularmente eficaz.
"[Nestes casos] o vírus fica entre a cruz e a espada", explica o professor Philip Goulder, da Universidade de Oxford. "Ele pode perder a eficácia ou se transformar para sobreviver e, se tiver que mudar, isso terá um custo."
O "custo" é uma diminuição na capacidade de se replicar, o que faz com que o vírus se torne menos infeccioso e leve mais tempo para causar Aids.
Lentidão
À medida que este vírus enfraquecido é passado para outras pessoas, tem início um lento ciclo de enfraquecimento.
A equipe mostrou esse processo acontecendo na África, comparando Botswana, onde os problemas com o HIV existem há um longo tempo, e África do Sul, onde o vírus chegou uma década depois.
"É bastante surpreendente. É possível ver que a capacidade de se replicar é 10% menor em Botswana do que na África do Sul e isso é muito emocionante", disse Goulder à BBC.
"Estamos observando a evolução acontecer na nossa frente e é surpreendente a rapidez com que o processo está acontecendo. O vírus está perdendo sua capacidade de causar doença e isso vai contribuir para sua eliminação."
As descobertas foram publicadas na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
 Estudo mostrou que atual capacidade do vírus de se replicar é menor  (Foto: Thinkstock) Estudo mostrou que atual capacidade do vírus de se replicar é menor (Foto: Thinkstock)
Ataque dos antirretrovirais
O estudo também sugere que as drogas antirretrovirais estão forçando o HIV a evoluir para formas mais leves. Os medicamentos teriam como alvo principalmente as versões mais agressivas do HIV, permitindo a reprodução das formas menos violentas.
"Vinte anos atrás, a Aids se manifestava em dez anos. Mas, nos últimos dez anos, em Botswana, isso pode ter aumentado para 12,5 anos - um aumento pequeno, mas que no contexto geral é uma mudança rápida", disse Goulder.
"É possível imaginar que isso se estenda cada vez mais e que, no futuro, as pessoas possam permanecer assintomáticas durante décadas."
"Se a tendência continuar, em seguida, podemos ver uma mudança de cenário global: uma doença longa sendo menos transmissível", disse à BBC Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham.
"Em teoria, se deixássemos o HIV seguir o seu curso, veríamos o surgimento de uma população humana mais resistente ao vírus do que somos hoje coletivamente. A infecção por HIV acabaria se tornando quase inofensiva. Isso provavelmente já aconteceu ao longo da história, mas estamos falando de escalas de tempo muito grandes."
Porém, o grupo alertou que mesmo uma versão enfraquecida do HIV ainda é perigosa e pode causar Aids.
Andrew Freedman, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Cardiff, qualificou o estudo de "intrigante".
"Os pesquisadores foram capazes de demonstrar como o vírus se enfraqueceu ao longo do tempo. O uso generalizado de terapia antirretroviral pode ter um efeito semelhante e, em conjunto, estes efeitos podem contribuir para o controle final da epidemia de HIV", disse.
Mas ele advertiu que o HIV ainda tem "um caminho muito longo" até se tornar inofensivo e que "outros acontecimentos podem substituir isso, incluindo um acesso mais amplo ao tratamento e, eventualmente, o desenvolvimento de uma cura".

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/12/hiv-esta-se-tornando-menos-mortal-e-infeccioso-diz-estudo.html

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Uma boa promessa: ao invés de vários comprimidos por dia, uma vacina para controlar a aids. Vamos acompanhar!


Cientistas espanhóis revelaram, nos primeiros dias de 2013, que podemos estar próximos de alcançar esse feito. “Não chegamos lá, mas estamos perto”, disse o chefe do departamento de Doenças Infecciosas do hospital Clinic de Barcelona, Josep Maria Gatell.
Ele e sua equipe desenvolveram uma vacina que, durante testes realizados com pacientes infectados pelo HIV, reduziu a carga viral em até 90%. Infelizmente, a vacina só consegue controlar o vírus por, no máximo, um ano. Depois disso, os soropositivos precisam voltar a tomar remédios antirretrovirais.
Por esta razão, a equipe trabalha para melhorá-la ou combiná-la com outras estratégias. “Chegar até aqui nos custou sete anos e nos próximos três ou quatro anos trabalharemos nesta direção”, assegurou Gatell. Segundo o especialista, a descoberta de sua equipe mostra que é possível chegar a uma vacina terapêutica que controle a replicação do HIV de maneira definitiva.

África do Sul lança antirretroviral mais barato para tratar Aids no país

Tratamento consiste em distribuir apenas uma pílula em vez de três.
Segundo governo, o custo do medicamento é de US$ 9.


A África do Sul, um dos países com maior incidência de contaminação pelo vírus HIV no mundo, lançou nesta segunda-feira (8) um novo programa de distribuição de medicamentos antirretrovirais (ARV) que é mais barato e reduz o número de pílulas prescritas por dia.
"A principal vantagem é que melhorará a logística, passando de três para uma pílula diária. Além disso, agora podemos tratar pacientes por 89 rands por mês (cerca de US$ 9). É algo que jamais foi visto antes", disse à imprensa o ministro da Saúde, Aaron Motsoaledi. "Isto significa que poderemos tratar mais pacientes", comemorou Motsoaledi.
A África do Sul conta com mais de seis milhões de soropositivos, um recorde absoluto no mundo. Este programa é resultado de um acordo anunciado em novembro com três laboratórios farmacêuticos (Aspen Pharmcare, Cipla Medpro e Mylan Pharmaceuticals) para simplificar o tratamento e reduzir seu preço.

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/04/africa-do-sul-lanca-antirretroviral-mais-barato-para-tratar-aids-no-pais.html

Estudos mostram que a cura da Aids pode estar próxima

No Brasil, são 38 mil casos novos a cada ano. Ao todo, 11 mil brasileiros ainda morrem da doença todos os anos. 

O Fantástico conheceu o que há de mais avançado na luta contra a Aids, uma doença que atinge mais de 400 mil brasileiros.  Nesta semana, alguns dos maiores especialistas do mundo se reuniram em São Paulo. O doutor Drauzio Varella esteve no local, e mostra que existe esperança nessa luta.
Aos oito anos de idade, Rose sentiu medo, como qualquer criança. Mas os seus temores já eram de gente grande.
“Eu achei que ia ficar daquele jeito até morrer. Achei que ia ficar debilitada, ou para sempre, não morrer, mas ficar sofrendo”, lembra Rose.
Rose, que não quis usar seu nome verdadeiro, nasceu com o vírus da Aids, mas os pais adotivos só descobriram quando a menina caiu de cama com uma meningite grave.
Drauzio: E que ideia você fazia da Aids nesse tempo?
Rose: A única coisa que me preocupava quando ela me falou, minha médica, era de que não tinha cura.
A cura ainda não chegou. Mas está mais perto para Rose e todos os infectados pelo HIV.
Esta semana, os maiores especialistas no assunto estiveram na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Eles contam agora, no Fantástico, como pretendem vencer as últimas etapas para chegar à cura da Aids.
A infecção pelo HIV ocorre quando o vírus penetra nos glóbulos brancos, as células de defesa do organismo.
Para conseguir se multiplicar, ele precisa misturar os seus genes com os genes da célula.

E, quando esse vírus escapa para cair na circulação e infectar novos glóbulos, o HIV recém-nascido mata a célula que lhe deu origem.
É um ciclo que pouco a pouco destrói o sistema de defesa. Por isso a Rose ficou tão mal.
Os remédios que ela toma matam os vírus assim que eles saem das células.
Grande parte das pessoas HIV positivas tratadas com antivirais consegue eliminar o vírus da circulação. O exame de sangue mostra: carga viral indetectável. O problema é que elas não conseguem ficar livres do vírus que está escondido dentro das células.
O coquetel não consegue atingir o HIV que permanece dentro dos glóbulos brancos. O vírus continua ali, protegido.
O desafio que a ciência enfrenta é como retirar esses vírus dos esconderijos e jogá-los na circulação para que eles possam ser destruídos pelos antivirais altamente eficazes que nós temos hoje.
A nossa suspeita é a de que algumas medicações agem melhor nesses esconderijos, explica o pesquisador escocês Mario Stevenson, da Universidade de Miami.
O grande diferencial da pesquisa dele é o uso de medicamentos antivirais em doses capazes de obrigar os vírus indetectáveis a sair das células e aparecer na corrente sanguínea.
Se nós conseguirmos que as drogas entrem nesses esconderijos, nós podemos reduzir drasticamente a duração da vida do vírus, completa o especialista.
Por enquanto, o teste está sendo feito com macacos. Os resultados são animadores.
O estudo será publicado numa das mais respeitadas revistas científicas, a Science.
O esloveno Matija Peterlin tem focado sua atenção na chamada cura funcional da Aids.
Durante décadas, o coquetel de remédios mantém a carga viral no sangue igual a zero.
Mas basta interromper os medicamentos por alguns dias para que o HIV volte para a circulação.
A cura funcional traz para fora o vírus escondido, até um ponto em que sobre tão pouco que o sistema de defesas convive com ele sem problemas.
Foi isso que aconteceu com um bebê norte-americano, no mês passado. Mas o diagnóstico foi comemorado com cautela pelos médicos.
No bebê, a ação foi mais eficaz do que em adultos porque a medicação foi aplicada logo após o nascimento, sem dar chance para o vírus se esconder, contou o médico.
Em todo mundo, até agora, apenas uma pessoa eliminou a Aids do corpo.
A esperança está viva, comemorou um paciente.
O americano Timothy Ray Brown era HIV positivo e tinha leucemia. Em 2007, ele recebeu um transplante de medula óssea. Todo seu sistema imunológico foi substituído pelo o que veio do doador.
Acontece que o doador não tinha a proteína que serve de maçaneta para o vírus abrir a porta de entrada da célula. Sem essa proteína, o vírus no corpo de Timothy morreu por conta própria.
Enquanto a tecnologia mais avançada ajuda os cientistas a encontrar a cura da Aids, no Brasil enfrentamos os velhos problemas. Por medo, as pessoas não fazem o teste. Só descobrem que são HIV positivo na fase avançada da doença. Quando correm o risco de morte.
São 38 mil casos novos a cada ano. Ao todo, 11 mil brasileiros ainda morrem da doença todos os anos. 135 mil pessoas têm o vírus, mas não sabem.
aids (Foto: TV Globo)aids (Foto: TV Globo)
Drauzio: Maria Clara, por que pessoas que têm práticas sexuais arriscadas não fazem o teste?
Maria clara: Eu acho que as pessoas ainda têm medo.
Marcelino viveu anos sem saber que estava infectado pelo HIV. Nunca fez o teste, nem mesmo quando um médico recomendou o exame após um quadro de anemia intensa.
Marcelino: Quando ele me deu o exame e eu olhei HIV, eu fiquei tão abisuntado que eu rasguei e fui embora para casa. Aí depois de um mês eu caí de cama.
A toxoplasmose já era uma manifestação grave da Aids. Marcelino ficou em coma. Passou três meses sem falar e ainda recupera alguns movimentos do lado esquerdo do corpo.
Hoje ele ajuda a conscientizar as pessoas sobre a necessidade de se fazer o teste, gratuito pelo Sistema Único de Saúde. E, principalmente, que o melhor caminho ainda é a prevenção.
Drauzio: Você acha que os mais jovens estão conscientes
Marcelino: Não. O que a gente está pegando de pessoas com 20, 22 a 24 anos que estão infectados e chegam. Eles acham que o vizinho pode pegar HIV. Mas eles não.
aids (Foto: TV Globo)aids (Foto: TV Globo)
 
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/04/estudos-mostram-que-cura-da-aids-pode-estar-proxima.html

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cerca de 500 mil pessoas vivem com HIV no Brasil; 27% delas não sabem

Entre 490 mil e 530 mil brasileiros estão infectados com HIV. Entre eles, 135 mil não sabem que têm o vírus, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (20) pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha, em parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).





O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante anúncio dos dados do boletim epidemiológico do HIV no Brasil, nesta terça-feira (Foto: Elza Fiuza/ABr )

O levantamento mostra que a incidência da aids no país, em 2011, foi 20,2 casos para cada 100 mil habitantes. No mesmo período, foram registrados 38,8 mil novos casos da doença – a maioria nos grandes centros urbanos. A região Sudeste apresentou redução na taxa de incidência. Por outro lado, as regiões Sul, Norte e Nordeste registraram tendência de aumento de casos. No Centro-Oeste, a epidemia é considerada estável.

Segundo o balanço, o coeficiente nacional de mortalidade caiu de 6,3 mortes para cada 100 mil habitantes em 2000 para 5,6, em 2011. Na última década, o país apresentou uma média de 11.300 mortes por ano provocadas pela aids. Outro dado de destaque trata do acesso de gestantes ao teste rápido de diagnóstico durante o pré-natal. Em 2004, a cobertura era 63%, e passou para 84% no ano passado.

Atualmente, 217 mil brasileiros com o vírus HIV estão em tratamento. O ministro da Saúde avaliou que o país registra forte adesão à terapia antirretroviral, pois mais de 70% dos pacientes apresentam carga viral indetectável após seis meses de tratamento.  Isso significa que as pessoas que têm a infecção e recebem medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão vivendo cada vez mais.

Em 2006, 32% dos pacientes soropositivos chegavam ao serviço de saúde com contagem das células CD4 superior a 500 por mm³, indicativo de que o sistema imunológico ainda não está comprometido. Em 2010, o percentual subiu para 37%. Ainda assim, a estimativa do governo brasileiro é que 30% dos infectados chegam ao serviço de saúde tardiamente.

Mobilização para testes de HIVO Ministério da Saúde, em parceria com estados, municípios e sociedade civil, irá realizar uma mobilização nacional para testagem de sífilis, HIV e hepatites virais (B e C), a partir desta quinta-feira (22) até 1º de dezembro. Durante estes 10 dias, todas as pessoas que desejarem saber sua condição podem procurar as unidades da rede pública e os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), em todo o país.

Com apenas uma gota de sangue colhida, o resultado do teste rápido sai em 30 minutos. A pessoa recebe aconselhamento antes e depois do exame, e em caso positivo, é encaminhada para o serviço especializado.
 “O diagnóstico precoce produz dois impactos positivos: o individual e o coletivo. Primeiro, é importante que o paciente saiba que está infectado, isso possibilita um tratamento eficaz e mais rápido, reduzindo os riscos e melhorando a qualidade de vida. Segundo, reduz a carga viral negativa. Viver com HIV não é simples, mas saber é muito melhor", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.