Introdução
A infecção pelo HIV, como outras doenças, segue um padrão de comportamento clínico e laboratorial que é definido como sua história natural e, para fins didáticos, é dividida em 3 fases: síndrome retroviral aguda (ou fase aguda), fase assintomática e fase sintomática (esta se sub-divide em precoce e tardia ou avançada). A variabilidade individual é grande, e depende de vários fatores, como categoria de exposição, resistência do hospedeiro, patogenicidade do vírus, mutações, resposta imune específica, e o uso de estratégias de tratamento, nas diversas fases. Desta forma, esta evolução não ocorre de forma idêntica para todos os pacientes, assim como os sinais e sintomas da fase aguda, que são inespecíficos e comuns à outras patologias, não definem o diagnóstico de contaminação pelo HIV.
Na ausência de terapia anti-retroviral, esquematicamente, a história natural da doença seria desta forma:
Dentro desta variação, e na ausência de intervenção terapêutica, 4% dos pacientes podem desenvolver Aids após 3 anos de contaminação, 15% não terão desenvolvido doenças definidoras em 20 anos e 50% estarão na fase sintomática após 10 anos. O desenvolvimento de de drogas anti-retrovirais potentes,, assim como profilaxias de infecções oportunistas, alterou significativamente este quadro, modificando a história natural da doença e melhorando a qualidade e tempo de vida dos portadores do vírus HIV.
Fase Assintomática:
Neste período, os indivíduos infectados podem apresentar linfadenopatia generalizada persistente, e/ou nenhuma manifestação clínica ligada à infecção pelo HIV. Esta fase pode durar, em média, 8 a 10 anos. Mesmo não ocorrendo sintomas clínicos ligados à presença do HIV a replicação viral ocorre, Nesta fase é muito importante que se faça o diagnóstico da infecção pelo HIV pois o diagnóstico precoce permita a introdução oportuna do tratamento melhorando os resultados da terapia. Após o diagnóstico o acompanhamento clínico e laboratorial deve ser regular (incluindo os exames laboratoriais específicos como CD4/CD8 e PCR-RNA do HIV (carga viral), para monitoramento.
Fase sintomática:
Esta fase reflete a progressiva deterioração do sistema imunológico, que ocorre se não houver intervenção terapêutica, no momento indicado. Este declínio é constatado laboratorialmente pela queda dos níveis de CD4
A fase precoce é caracterizada por manifestações clínicas que podem surgir em indivíduos com imunodeficiência inicial, e são chamadas de sinais de alerta ou manifestações iniciais.
São elas:
· perda progressiva de peso
· febre intermitente
· sudorese noturna
· herpes zoster e outras infecções ou afecções de pele e mucosas como leucoplasia pilosa, furunculose, onicomicoses, candidíase oral, dermatite seborreica, molusco contagioso, etc.
· diarréia persistente, sem causa aparente
· outras manifestações como adenite tuberculosa (que pode ser a primeira manifestação clínica da infecção pelo HIV), síndrome consumptiva, infecções de repetição por S. pneumoniae (incluindo otites ou sinusites, além de pneumonia) e infecções por Salmonella spp.
Estas manifestações podem ocorrer isoladamente, seqüencialmente ou simultaneamente.
Na fase sintomática avançada, ocorrem as infecções oportunistas e/ou neoplasias relacionadas:
As mais freqüentes são:
· pneumonia por Pneumocystis carinii
· toxoplasmose cerebral
· retinite por citomegalovíris (CMV)
· candidíase esofágica
· criptosporidiose
· linfoma cerebral
· sarcoma de Kaposi
· leucoencefalopatia multifocal progressiva
Em resumo, a história natural da infecção pelo HIV segue, habitualmente, a seguinte seqüência de eventos:
1. Transmissão do vírus
2. Infecção primária pelo HIV (síndrome retroviral aguda)
3. Soroconversão
4. Infecção crônica assintomática
5. Infecção sintomática (“Estágio B”)- manifestações iniciais
6. Aids (doenças definidoras ou CD4<200 células)
7. 7-Infecção avançada (CD4<50 células)(Patogênese da Infecção pelo HIV e Aids- Robert Mellors)
Certamente, e como já foi dito, a introdução da terapia anti-retroviral potente mudou o curso desta história, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente, o tratamento adequado é feito no momento certo, e o paciente tem adesão completa às recomendações.
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