sábado, 25 de fevereiro de 2012

Contaminação da Aids aumenta na América Latina por falta de prevenção

O número de mortos pela Aids na América Latina diminuiu devido ao maior acesso ao tratamento antirretroviral, mas a contaminação continua aumentando pela falta de programas de prevenção, informou nesta quinta-feira o Programa da ONU sobre a Aids (Unaids).
“Para cada pessoa em tratamento temos duas novas infecções. Assim nunca acabaremos com a doença. Claro que é preciso evitar as mortes, mas mais importante ainda é prevenir o contágio”, disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor regional para a América Latina da Unaids, César Núñez.
Dois terços do investimento para combater a epidemia na América Latina são destinados ao tratamento, e o restante à prevenção. “Além disso, esses programas se dedicam quase que exclusivamente à população mais afetada: homossexuais, prostitutas e usuários de drogas”, indicou Núñez.
Para ele, os programas de prevenção deveriam ser mais amplos e abranger todas as pessoas, principalmente os mais jovens, que parecem ter perdido o medo da Aids. “Segundo a Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), 25% dos partos na América Latina são de menores de 17 anos, o que significa que os jovens fazem sexo sem proteção. Embora seja um dado indireto, nos mostra que eles são passíveis de contaminação. É óbvio que falta informação e educação sexual”, explicou.
Estima-se que a cada ano ocorram na região 100 mil novas infecções. O número de pessoas com o vírus do HIV aumentou de 1,3 milhão, em 2001, para 1,5 milhão em 2010. Desse total, 36% são do sexo feminino, um número que aumentou dramaticamente nos últimos dez anos, já que em 2001 para cada dez homens infectados havia uma mulher.
Uma das razões que explicam esse crescimento da contaminação entre as mulheres é que elas são contaminadas por seus maridos ou parceiros que tiveram relações não seguras com prostitutas, ou em muitos casos, com outros homens. O principal foco de transmissão na região são os homens que mantêm relações com outros homens sem proteção. “Na América Latina, o estigma contra os homossexuais permanece. Por isso a prática continua sendo escondida em muitos lugares, e esses homens contaminam suas esposas ou parceiras”", disse Núñez.
O Panamá e a Nicarágua foram os últimos países latino-americanos a abolirem leis homofóbicas, em 2008. “Mas o estigma social continua, por isso é preciso fazer campanhas que combatam a discriminação, o que ajudará na luta contra a doença”, especificou Núñez.
De acordo com os dados disponíveis, entre 3% e 20% dos homens latino-americanos têm relações sexuais com outros homens ao longo de sua vida. Dependendo do país, entre 32% e 78% dos homens que fazem sexo com outros homens também mantêm relações com mulheres, e entre 1,7% e 41% são casados.
Atualmente, 64% da população infectada têm acesso a tratamento, algo que precisa melhorar, já que em muitos casos “chega tarde demais, quando a doença já se desenvolveu”.
Núñez destacou um problema que, apesar de estar melhorando, ainda persiste: a falta de planejamento, que gerou a ausência de remédios em países que inclusive são produtores de genéricos, como o Brasil.

Dados sobre Aids sugerem avanço no controle da doença

O Brasil aparece como um dos grandes destaques no relatório anual do Unaids, o programa das Nações Unidas dedicado ao combate à Aids, apresentando quadro no qual entre 60% e 79% dos infectados com o vírus têm acesso a tratamento. Divulgado na última segunda-feira, o levantamento indica que o governo brasileiro tem investido seus recursos adequadamente nos lugares certos, adotando as estratégias mais corretas. Por isso mesmo, é tido como exemplo a ser seguido por outras nações a iniciativa brasileira voltada ao acompanhamento de pacientes acometidos pela doença.



Ainda de acordo com o Unaids, o Brasil encontra-se na vanguarda em termos de garantia ao acesso à prevenção do HIV e a serviços de tratamento para os mais vulneráveis e marginalizados. Tudo isso, é bom deixar claro, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), tão execrado por quem geralmente não conhece a fundo como se dá o seu funcionamento. Somente em 2008, cita o documento da ONU, foram investidos US$ 600 milhões de na prevenção e tratamento da Aids em nosso País. A situação do Brasil é emblemática, mas as informações trazidas no documento da Unaids sugerem também avanços no que diz respeito ao combate à doença em outras partes do mundo.



Segundo a ONU, os números de novas infecções continuam diminuindo e mais pessoas recebendo tratamento, estimando-se que no ano passado medicamentos salvaram a vida de cerca de 700 mil soropositivos. Diante disso, cada vez mais se aventa a possibilidade de avanços que permitam o controle considerável dos registros de casos. Mesmo com os dados positivos, porém, ainda é grave a situação verificada na África Subsaariana, que continua a ser a região mais afetada pelo HIV. No ano passado cerca de 68% das pessoas infectadas com o vírus viviam nesta região.



É óbvio que é cedo para baixarmos a guarda em relação à doença. Muito ao contrário, devem-se agora, principalmente, serem consolidados os avanços registrados. O mundo caminha célere para boas novas no âmbito do HIV, mas para que isso se concretize, nunca é demais reforçar a prevenção por meio da informação. Se os dados revelados pela ONU nos colocam números positivos, são poucos, enquanto o homem não tiver o controle total dessa enfermidade que tantas famílias já enlutou pelo mundo.

Fonte: O Povo.com

http://www.aidshiv.com.br/dados-sobre-aids-sugerem-avanco-no-controle-da

Casos de Aids entre idosos dobram em dez anos

Casos de Aids entre idosos dobram em dez anos
Maria Luísa¹, 78, conta que pegou o vírus da Aids com seu segundo marido - que se tornou soropositivo, segundo ela, durante um caso com outra mulher. Maciel¹, 68, diz que contraiu a doença durante uma relação sexual desprotegida, segundo o próprio.



Os dois fazem parte de uma população que, segundo dados do Ministério da Saúde, está crescendo rapidamente: a de pessoas com mais de 50 anos diagnosticadas com o vírus HIV. Em 2000, 8,64% dos diagnósticos de HIV foram de pessoas nessa faixa etária; em 2010 (até 30 de junho), a fatia chegou a 17,23%.



Para o médico Jean Carlo Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, localizado em São Paulo, existem várias possibilidades para explicar o aumento da doença entre os novos velhos. Uma delas seria o fato de a doença ser associada à juventude. "As campanhas publicitárias usam personagens jovens, linguajar jovem, o que faz com que esse público se identifique como um grupo de risco, enquanto os mais velhos se sentem menos vulneráveis." Maciel concorda: "Descuidando, a gente acaba se distraindo e não se prevenindo".



Para Eliana Bataggia Gutierrez, diretora da Casa da Aids da USP, outro motivo responsável pelo aumento de novos velhos com Aids é o crescimento dos diagnósticos tardios. "Provavelmente, uma parte dessas pessoas já tinha a doença e não sabia." Ela também cita o sucesso dos coquetéis de remédios como um motivo, fazendo com que os pacientes em tratamento ultrapassem os 50 anos de idade.



Na instituição dirigida por ela, que abriga 210 pacientes (sendo 7% com mais de 60 anos), as pessoas estão em tratamento há 14 anos, em média. "A maior parte dos nossos pacientes começou a se tratar há dez, quinze anos, quando não havia remédios muito bons."



Tanto Maria Luísa quanto Maciel estão em tratamento há mais de dez anos. "Eu comecei o tratamento na mesma semana do diagnóstico e posso dizer que hoje não estou doente", diz ela, sorrindo. Eles contam que as únicas pessoas que sabem de suas condições são os familiares. "Dos meus amigos, 99% não sabem da minha situação, eu a omito. Se eles não perguntam, eu não vou ficar expondo (a doença) sem haver necessidade", conta Maciel.



Para Gorinchteyn, os novos velhos sofrem duplo preconceito: contra a doença e contra a idade. "Existem até casos de abandono de pacientes, mas estes estão vinculados, principalmente, ao tipo de relação familiar que existia antes da doença."



CUIDADOS



Para os médicos, o tratamento de pessoas acima dos 50 anos, requer cuidados maiores do que em outras faixas etárias.



"O tratamento é realizado com três drogas ou mais, combinadas ou não, que geralmente estão associadas a uma série de efeitos colaterais. E o indivíduo pode ter problemas que foram agravados pela idade, pela Aids ou por outras medicações", explica Gutierrez.



Gorinchteyn acrescenta que certas doenças, como pressão alta, problemas de colesterol e diabetes - as chamadas comorbidades - podem ser agravadas pelo tratamento. Por isso, o tratamento deve envolver as drogas que apresentarem os menores riscos para os pacientes.



Outro problema é o tempo entre a contaminação e a detecção da doença -segundo Gorinchteyn, o intervalo médio entre os pacientes em geral varia entre cinco e dez anos. Gutierrez completa dizendo que uma parte significativa dos pacientes só descobre que tem Aids quando tem a primeira doença oportunista.



É o caso do sarcoma de Kaposi (um tipo de tumor que ataca a pele e órgãos como o pulmão), da tuberculose e da pneumonia. "Na Casa da Aids, a taxa [de pacientes que descobrem a Aids através de doenças oportunistas] é superior a um terço dos casos."



Para Maria Luísa, enquanto a tão sonhada cura não é anunciada, o futuro reserva uma tarefa muito simples: viver. "Eu não tenho medo da morte, mas gosto de viver. E acho que vou sentir saudades do meu povo quando me for."



¹Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos pacientes

http://www.jornalfloripa.com.br/geral/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=2065

Cientistas tentam descobrir origem do vírus da aids na África

A origem do vírus HIV é um mistério no mundo inteiro, mais ainda na África, um continente onde a aids continua matando a maioria da população, principalmente as crianças.

Cientistas do Centro Internacional de Pesquisas Médicas de Franceville (CIRMF, em francês), no Gabão, trabalham diariamente tentando descobrir quando e como surgiu uma das maiores pandemias do continente africano.

"O primeiro contágio em humanos ocorreu nos anos 90, mas é possível que já estivesse presente nos macacos há centenas de anos ou desde sempre", indicou François Rouet, responsável do laboratório de Retrovirologia do CIRMF.

Rouet explicou à agência EFE que uma das teorias sobre como o HIV foi transmitido dos primatas aos humanos é que estes últimos tiveram contato com algum animal que morreu por essa doença. "Por isso, uma de nossas principais tarefas é informar à população suscetível de usar esses animais como alimento dos riscos que existem, e, nesse sentido, os casos de infecção por essa via diminuíram", afirmou.

O biólogo, que trabalhou em países como Burkina Fasso e Quênia, se mostrou especialmente preocupado com os casos nos quais o vírus da aids é detectado em pacientes recém-nascidos.

"No centro fazemos exames em mulheres grávidas que têm o HIV e tentamos salvar a vida de seus filhos com um tratamento prévio, mas na maioria dos casos os bebês morrem pouco tempo depois de nascer", disse Rouet.

Ao todo, 160 pessoas, 45% delas gaboneses, fazem suas pesquisas no campus do CIRMF, que está localizado em uma planície de 47 hectares cercada de floresta.

Além dos estudos sobre a aids, o centro conta com laboratórios onde são analisadas outras doenças virais típicas da região, como o ebola e a malária, e recebe a cada ano uma média de 25 estagiários de medicina por seu interesse nesse tipo de pesquisa.

O CIRMF conta ainda com um centro de primatologia, que abriga atualmente 400 primatas, entre eles cinco gorilas e 56 chimpanzés, além de macacos e mandris, a espécie mais significativa no Gabão.

"Não fazemos experimentos com eles, isso é totalmente proibido no país há muitos anos, mas podemos curá-los se chegarem aqui doentes e tentamos reinseri-los em seu ecossistema", ressaltou Jean-Paul González, diretor-geral e cientista do CIRMF.

O especialista esclareceu que a única pesquisa realizada em macacos é de caráter antropológico, para observar seu comportamento e suas relações com outras espécies, e "analisamos seu sangue quando chegam infectados por algum tipo de vírus".

O fato de o Gabão ser um país pequeno - com apenas 1,5 milhão de habitantes - foi decisivo para a construção lá de um centro de pesquisa com essas características.

As origens do CIRMF remontam a 1970 quando, por decisão do ex-presidente Omar Bongo Ondimba, surgiu a iniciativa de construir nas proximidades de Franceville um espaço destinado ao estudo da infertilidade no país.

Inaugurado em 1979, o centro, referência nas pesquisas médicas e científicas para toda a África Central, conta com a mais alta tecnologia nesse tipo de pesquisa.

No entanto, o CIRMF recebe também vários colaboradores internacionais em áreas tão diversas como a arqueologia, a genética e a botânica, que o transformaram em um centro internacional da biodiversidade e o estudo de doenças tropicais.

"Tentamos encontrar uma resposta às doenças, principalmente para aquelas que afetam diretamente a população africana, e nos adaptamos às mudanças que possam surgir, procurando sempre novas soluções", concluiu González.


http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5622683-EI8147,00-Cientistas+tentam+descobrir+origem+do+virus+da+aids+na+Africa.html