sábado, 28 de maio de 2011

História Natural da Infecção pelo HIV

Introdução


A infecção pelo HIV, como outras doenças, segue um padrão de comportamento clínico e laboratorial que é definido como sua história natural e, para fins didáticos, é dividida em 3 fases:  síndrome retroviral aguda (ou fase aguda), fase assintomática e fase sintomática (esta se sub-divide em precoce e tardia ou avançada). A variabilidade individual é grande, e depende de vários fatores, como categoria de exposição, resistência do hospedeiro, patogenicidade do vírus, mutações, resposta imune específica, e o uso de estratégias de tratamento, nas diversas fases. Desta forma, esta evolução não ocorre de forma idêntica  para todos os pacientes, assim como os sinais e sintomas da fase aguda, que são inespecíficos e comuns à outras patologias, não definem o diagnóstico de contaminação pelo HIV.

Na ausência de terapia anti-retroviral, esquematicamente, a história natural da doença seria desta forma:


Dentro desta variação, e na ausência de intervenção terapêutica, 4% dos pacientes podem desenvolver Aids após 3 anos de contaminação, 15% não terão desenvolvido doenças definidoras em 20 anos e 50% estarão na fase sintomática após 10 anos. O desenvolvimento de de drogas anti-retrovirais potentes,, assim como profilaxias de infecções oportunistas, alterou significativamente este quadro, modificando a história natural da doença e melhorando a qualidade e tempo de vida dos portadores do vírus HIV.

  
Fase Assintomática:

Neste período, os indivíduos infectados podem apresentar linfadenopatia generalizada persistente, e/ou nenhuma manifestação clínica ligada à infecção pelo HIV. Esta fase pode durar, em média, 8 a 10 anos. Mesmo não ocorrendo sintomas clínicos ligados à presença do HIV a replicação viral ocorre, Nesta fase é muito importante que se faça o diagnóstico da infecção pelo HIV pois o diagnóstico precoce permita a introdução oportuna do tratamento melhorando os resultados da terapia. Após o diagnóstico o acompanhamento clínico e laboratorial deve ser regular (incluindo os exames laboratoriais específicos como CD4/CD8 e PCR-RNA do HIV (carga viral), para monitoramento.

Fase sintomática:

Esta fase reflete a progressiva  deterioração do sistema imunológico, que ocorre se não houver intervenção terapêutica, no momento indicado. Este declínio é constatado laboratorialmente pela queda dos níveis de CD4
A fase precoce é caracterizada por manifestações clínicas que podem surgir em indivíduos com imunodeficiência inicial, e são chamadas de sinais de alerta ou manifestações iniciais.

São elas:

·        perda progressiva de peso
·        febre intermitente
·        sudorese noturna
·        herpes zoster e outras infecções ou afecções de pele e mucosas como leucoplasia pilosa, furunculose, onicomicoses, candidíase oral, dermatite seborreica, molusco contagioso, etc.
·        diarréia persistente, sem causa aparente
·        outras manifestações como adenite tuberculosa (que pode ser a primeira manifestação clínica da infecção pelo HIV), síndrome consumptiva, infecções de repetição por S. pneumoniae (incluindo otites ou sinusites, além de pneumonia) e infecções por Salmonella spp.

Estas manifestações podem ocorrer isoladamente, seqüencialmente ou simultaneamente.

Na fase sintomática avançada, ocorrem as infecções oportunistas e/ou neoplasias relacionadas:

As mais freqüentes são:

·        pneumonia por Pneumocystis carinii
·        toxoplasmose cerebral
·        retinite por citomegalovíris (CMV)
·        candidíase esofágica
·        criptosporidiose
·        linfoma cerebral
·        sarcoma de Kaposi
·        leucoencefalopatia multifocal progressiva

Em resumo, a história natural da infecção pelo HIV segue, habitualmente, a seguinte seqüência de eventos:

1.     Transmissão do vírus

2.     Infecção primária pelo HIV  (síndrome retroviral aguda)

3.     Soroconversão

4.     Infecção crônica assintomática

5.     Infecção sintomática (“Estágio B”)- manifestações iniciais

6.     Aids (doenças definidoras ou CD4<200 células)

7.     7-Infecção avançada (CD4<50 células)(Patogênese da Infecção pelo HIV e Aids- Robert Mellors)

Certamente, e como já foi dito, a introdução da terapia anti-retroviral potente mudou o curso desta história, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente, o tratamento adequado é feito no momento certo, e o paciente tem adesão completa às recomendações.